Notas

No meu mundo imaginário, eu tocava. Era a melhor forma de fugir de mim mesma. Eu adorava entrar na melodia e ficar navegando por horas naqueles sons que sempre me inspiravam. Eu escrevia e tocava. O órgão, era ele o responsável por manter meu desejo de continuar. Na verdade, fazia tudo isso pela minha vovó. Eu adorava tocar pra ela. E ela adorava me ouvir tocar. Não havia forma melhor de fazê-la feliz que tocar. Ela cantarolava todas as músicas, por mais que ela não conhecesse. 

Ela inventava os sons e os sons inventavam a melodia. E era essa a forma de falarmos que nos amávamos com toda nossa alma.

Eu tocava pra ela e tocava pra fugir de mim.

E eu gostava de ouvir as notas musicais fazendo da música uma arte. E na inspiração, novas claves de sol se  formavam e a melodia flutuava por ela mesma.

Eu não queria mais fugir. E no final, a música só me aproximava.


E era assim, minha família musical me fez melhor com esse órgão, que passou a ser parte de mim, pela minha mãe que o trouxe. Eu nas tardes vazias, eu tocava. Não para fugir de mim, mas para me encontrar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como tudo começou....

Antes de regressar pro Brasil... escrevendo mais histórias...

A casa mágica de vovó e de vovô